. . . it is winter here . . . *
Este ano, o Inverno chegou mais cedo.
Veio menino, com sapatinhos de verniz, sem meias, pequeno. Entrou de madrugada pela janela e, pé ante pé, de mão estendida e olhos fechados, foi escorregando, devagar, sobre o parapeito. As paredes. A mesa. A cama.
Não me ressinto desta sua invasão temporã. Aceito o seu torpor brando de fantasma sazonal, embrulhado naquela pele branca assustadiça, arrepanhada pelo negrume dos olhos. Uns olhos negros, tão negros como aqueles que por vezes trago.
De há uns dias para cá que o levo comigo, pela mão, como se fosse um filho temporariamente achado. Não me importo que os seus dedos encrespados me congelem a mão, deixando-a roxa no meio da rua. O Inverno não tem culpa de ser menino, não é por mal que se esquece do frio sobre os casacos e os telhados das casas. Não é por mal que me congela a mão.
Nas bermas e nos jardins, outros encontro que também passeiam o seu Inverno. Reconhecemo-nos uns nos outros pela mão roxa e pelos olhos negros, pelas pupilas dilatadas por um certo nada de melancolia a mais.
Este ano, o Inverno chegou tão cedo...
Não me ressinto desta sua invasão temporã. Aceito o seu torpor brando de fantasma sazonal, embrulhado naquela pele branca assustadiça, arrepanhada pelo negrume dos olhos. Uns olhos negros, tão negros como aqueles que por vezes trago.
De há uns dias para cá que o levo comigo, pela mão, como se fosse um filho temporariamente achado. Não me importo que os seus dedos encrespados me congelem a mão, deixando-a roxa no meio da rua. O Inverno não tem culpa de ser menino, não é por mal que se esquece do frio sobre os casacos e os telhados das casas. Não é por mal que me congela a mão.
Nas bermas e nos jardins, outros encontro que também passeiam o seu Inverno. Reconhecemo-nos uns nos outros pela mão roxa e pelos olhos negros, pelas pupilas dilatadas por um certo nada de melancolia a mais.
Este ano, o Inverno chegou tão cedo...
Photo: Cornell Capa
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