Hoje era ontem que te escrevia
pelo nome na ardósia
dos passeios, de joelhos
quase em promessa ou
oração talvez
castigo: cem mil vezes
o teu nome a direito
(redondo repetido)
numa letra tão perfeita
caligrafia tão medonha
uma mandala: era o meu cosmos
largado ao chão feito de giz
a cortar-me a mão
finas valetas de talvez um dia
entre os dedos e os pulsos
(roxos
exangues) talvez um dia
vieram as chuvas
de Março ou de Novembro
(já não me lembro)
sobre o bordado colossal
do lencinho enamorado
de perfeita ortografia
houve um dia (ontem ou hoje)
murchou-te o nome numa aguarela
perfeita osmose que semeou
o teu nome nas minhas mãos
entre as valetas. Levanto-me
sim de joelhos negros
aliviados por te ver agora
estrela do norte serena chama
entre os cometas da minha estrada
por onde vou sobre os telhados
abrir a porta a outras constelações.

5 comentários:

Barroso disse...

Lindissimo poema, parabéns.

Alice Gabriel disse...

:) ...

Anónimo disse...

adoro e vou sempre amar os teus poemas! simplesmente SUPER! ;) um beijo grande minha linda com muitas saudades!
ass: mademoiselle karine ;)

Vanessa disse...

passo sempre por aqui. hoje decidi deixar um obrigada. por coisas tão bonitas que vais deixando.

«Levanto-me
sim de joelhos negros
aliviados por te ver agora
estrela do norte serena chama
entre os cometas da minha estrada
por onde vou sobre os telhados
abrir a porta a outras constelações.»

(...)

Alice Gabriel disse...

Mademoiselle Karine:
Tantos SUPER beijos para ti, que até pago excesso de bagagem e tudo... Já falta pouquito ;)

Vanessa:
Obrigada pela visita, e pelo comentário. Também passo pelo teu espaço muitas vezes; é bom saber que há outras pessoas que gostam tanto de poesia quanto eu... :)