To know my blind spot
The room inside me has disappeared. At night, when all is quiet, I no longer hear the pictures shifting on the walls when I walk fast. Only the pump in the basement. I wonder whether the space has folded in on itself like a tautology, or been colonized. You think the wine has washed it out, and it's true that the mirror tilted at a reckless angle. I still have the floor plan with measurements, but now that nothing corresponds to it I can only take it as part of the emptiness I try to cover up with writing. To know my blind spot. I have always wanted to dilate my landscape for the piano and the long labor of losing the self. Though I am too nearsighted for clouds. If I had lived a different image.
Waldrop 1987, 71
É um fino início de primavera.
atravesso a corte o país transverso
através de pontes e raposas breves
enferrujadas pelas lixeiras
a céu aberto, tombando chuva:
18º C: um mar espesso de nevoeiro
onde adivinho cobras cegas, folhas
negras, pontas soltas de oliveiras
a arder a arder num sopro atroz:
pinheiros bravos: a resina
lava espessa flamejante:
13ºC: três estações – a primavera,
o verão, a primavera – passam a salto
as fronteiras dos olhos frescos
que trago nesta manhã silícica
e atravesso
a corte a longitude desta nesga
num carro cheio, de cebolas e rosas brancas
o cheiro de ambas lembrança afónica
por chorar, o cheiro de ambas bilhete
gasto a dobrar – em quatro – e a guardar:
um verso: inverso de outra estação que
supero – talvez em vão – nas cornucópias
sincopadas das raposas, dos pinheiros,
das cobras e das cebolas que vão ardendo
(e ardem ardem) e que vou chorando
por saber que nada disto cabe aqui
(não pode, não cabe) pois este aqui
quer-se liso e retumbante
como um beijo de campanário
e não rugoso ou afrontado
pelas montanhas que atravesso
de modo exangue
em corte transverso: 18º C:
é um fino início de primavera.
guardo as cebolas e as rosas brancas
no bolso cavo do inverno mudo.
através de pontes e raposas breves
enferrujadas pelas lixeiras
a céu aberto, tombando chuva:
18º C: um mar espesso de nevoeiro
onde adivinho cobras cegas, folhas
negras, pontas soltas de oliveiras
a arder a arder num sopro atroz:
pinheiros bravos: a resina
lava espessa flamejante:
13ºC: três estações – a primavera,
o verão, a primavera – passam a salto
as fronteiras dos olhos frescos
que trago nesta manhã silícica
e atravesso
a corte a longitude desta nesga
num carro cheio, de cebolas e rosas brancas
o cheiro de ambas lembrança afónica
por chorar, o cheiro de ambas bilhete
gasto a dobrar – em quatro – e a guardar:
um verso: inverso de outra estação que
supero – talvez em vão – nas cornucópias
sincopadas das raposas, dos pinheiros,
das cobras e das cebolas que vão ardendo
(e ardem ardem) e que vou chorando
por saber que nada disto cabe aqui
(não pode, não cabe) pois este aqui
quer-se liso e retumbante
como um beijo de campanário
e não rugoso ou afrontado
pelas montanhas que atravesso
de modo exangue
em corte transverso: 18º C:
é um fino início de primavera.
guardo as cebolas e as rosas brancas
no bolso cavo do inverno mudo.
Pé de carmim
faltam-me os começos daqui pois
perco-me. nos fins dali
perco-me. começo:
carícia no cabelo, o teu
menina vaidosa ao espelho
descalço, o teu pé de carmim
frio faminto de mim
de dizer-te dizendo-me
mas perco-me. recomeço:
digo –se, não digo –me
nem digo –te dizendo –me
apenas –se. cf. op. cit. cito: etc.
rodapé menina de pé. de carmim
frio faminto de mim
se és carne ou suspiro de
enxame?
ao espelho
atiro-te espadas
em golpe de mármore
mas tu:
tu és granada rente de areia
a salivar praias de outras ilhas
(outros mares)
talvez ainda mais distantes
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