Nocturno I






Não vejo tanta importância
na finitude de um cinzeiro;
amanhã

somos estranhos outra vez e
da nossa imensa curiosidade
sobra apenas um corpo túrgido

demolhado no desengano
que o exagero das mãos meninas
plantou na ponta das nossas línguas

esvaído o encantamento
pela grandeza dos fonemas em falta
amanhã somos

cada um

outra vez

O cinzeiro enfraquece no parapeito da noite.
Faróis e lucernas arranham a transparência das janelas.


Foto: flickr

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