Caliban

já não sangro pelas entrelinhas
dos postais outrora escritos
na proa irisada do navio
em viagem. guardo
do desembarque naquela ilha
o manual de introdução ao canto
dos pássaros que me deste,
as franjas douradas, o baú
o império que te dei

caliban destemido trono

já não há tempestade que nos salve
desta agrura estreme
dos dias limpos e iguais
eu rezo ao teu deus em apneia
tu falas a minha língua de metais
mas à mesa só sabemos recortar
a toalha em barquinhos de papel
que navegamos para longe
na nossa ingénua violência

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