Hoje era ontem que te escrevia
pelo nome na ardósia
dos passeios, de joelhos
quase em promessa ou
oração talvez
castigo: cem mil vezes
o teu nome a direito
(redondo repetido)
numa letra tão perfeita
caligrafia tão medonha
uma mandala: era o meu cosmos
largado ao chão feito de giz
a cortar-me a mão
finas valetas de talvez um dia
entre os dedos e os pulsos
(roxos
exangues) talvez um dia
vieram as chuvas
de Março ou de Novembro
(já não me lembro)
sobre o bordado colossal
do lencinho enamorado
de perfeita ortografia
houve um dia (ontem ou hoje)
murchou-te o nome numa aguarela
perfeita osmose que semeou
o teu nome nas minhas mãos
entre as valetas. Levanto-me
sim de joelhos negros
aliviados por te ver agora
estrela do norte serena chama
entre os cometas da minha estrada
por onde vou sobre os telhados
abrir a porta a outras constelações.